1. A PRIMEIRA GRANDE GUERRA MUNDIAL
O presente ensaio centra-se na análise do impacto da evolução tecnológica na Primeira Grande Guerra Mundial, o conflito que inaugurou o século XX, e a par disto, os condicionantes geoestratégicos que determinaram a subida dos EUA no mundo em termos económicos, poderio militar e inovação produtiva e por outro lado, o enfraquecimento europeu.
A Primeira Guerra Mundial decorreu, antes de tudo, das tensões advindas das disputas coloniais. Além disso, dos vários factores que desencadearam o conflito destacam-se o revanchismo francês, a questão da Alsácia-Lorena, a questão Balcânica e a corrida anglo-germânica.
Segundo fontes escritas, “este conflito mundial ocorreu entre Agosto de 1914 e 11 de Novembro de 1918, entre a Tríplice Entente (liderada pelo Império Britânico, França e até 1917 Rússia e depois os EUA) que derrotou a Tríplice Aliança (liderada pelo Império Alemão, Império Austro-Húngaro e Império-Otomano)”
[1]. É indispensável referir as rivalidades entre as potências europeias, porque foram estas rivalidades que tiveram expressão no aparecimento dos blocos acima mencionados. Isto aconteceu no espaço geoestratégico europeu, onde existiam países com fórmulas políticas diversificadas e grandes impérios, constituídos por agentes de língua e cultura diferentes. A guerra causou o colapso de quatro impérios e mudou de forma radical o mapa geopolítico da Europa e do Médio Oriente. Foi uma guerra de mistura tecnológica do século XX com tácticas do século XIX, e estiveram envolvidos aproximadamente cerca de 65 milhões de soldados. Um dos motivos que originou esta guerra “foi o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, dia 28 de Junho de 1914, pelo sérvio Príncip, que pertencia ao grupo nacionalista – terrorista armado Mão Negra, que lutava pela unificação dos territórios que continham sérvios. O assassinato desencadeou os eventos que rapidamente deram origem à guerra, mas as verdadeiras causas são muito complexas. Vários historiadores e políticos têm discutido esta questão por quase um século sem chegar a um consenso”
[2]. O assassinato do herdeiro do império Austro-húngaro, foi apenas um pretexto para que todas estas contradições entrassem em choque.
Ainda na base dos motivos da guerra, estão rivalidades territoriais, e económicas, uma vez que a Inglaterra sendo a potência mais poderosa da época, se sentia ameaçada pelo crescimento económico da Alemanha que se baseava numa oferta de melhor qualidade e inovação. Consequentemente, surgiram choques psicológicos, uma vez que a Alemanha se apresentava mais motivada para um papel de liderança mundial, enquanto que a Inglaterra percebia as evidências da sua perda de prestígio.
2. O IMPACTO DA EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA NA PRIMEIRA GRANDE GUERRA MUNDIAL
Perante a situação da evolução tecnológica e do que foi dito no ponto um, a Primeira Guerra Mundial destruiu impérios, a guerra tornou-se mais mortífera ou seja, a morte de pessoas aos milhões, e em simultâneo, foi uma guerra mais rápida (embora a guerra tenha sido longa), o que justificava fins políticos entre as nações envolvidos. Para além das destruições, a guerra gerou no continente europeu uma instabilidade politica que permitiria o aparecimento de doutrinas radicais de esquerda e de direita, que seriam as principais forças vertentes do conflito seguinte.
Ao contrário da segunda guerra, o conflito de 1914-1918 não possui um demolidor determinado. Todas as nações estavam empenhadas numa corrida armamentista e numa disputa por colónias, alimentadas por um nacionalismo exacerbado, que com certeza, levaria à guerra. Sem ter medo de soar fatalista, o facto é que a guerra era inevitável. Mas ninguém tinha sequer uma vaga ideia das suas dimensões e das suas consequências.
Entretanto, o impacto da Primeira Grande Guerra Mundial foi enorme. Porque os dois blocos foram estratégicos, souberam ligar o mundo político e o mundo militar; e os mesmo blocos, entraram na fase da chamada guerras das trincheiras, ou seja tiveram que parar ambos porque a capacidade de fogo era idêntica. Então houve um esforço de investigação tecnológica, quer do lado aliado (França e Inglaterra) quer do bloco Alemão, no sentido de inventarem possíveis soluções para ultrapassarem o impasse em que estavam as tropas. Daí a que em termos estratégicos, se tenha aperfeiçoado a metralhadora, apareceram os morteiros e os obuses, surgiram os gases tóxicos, o carro de assalto e o submarino. Consequentemente as inovações tecnológicas aconteceram para serem usadas em terra, mar e ar, aqui neste último caso desenvolvendo-se o avião de combate. Estas tecnologias, quando a guerra acabou foram adaptadas às necessidades civis, por exemplo, aproveitou-se do carro de assalto a tracção integral que hoje equipa os Jipes. O correcto é que, independentemente da duração da Primeira Guerra Mundial, se chegou ao empate tecnológico entre os dois lados, o que dificultava qualquer movimento.
A nível da geopolítica e geoestratégia, o impacto é que depois da guerra, facilmente se constatou o enfraquecimento europeu, e a subida de importância dos EUA. A América torna-se a potência liderante do mundo em termos da oferta económica, da inovação produtiva e do poderio militar. A América soube definir e condicionar as suas actividade estratégicas para com os outros países, porque com a Primeira Grande Guerra os outros países perderam população, território e perderam a capacidade de liderança a todos os níveis. Dentro da linha de definição de “estratégia”
[3] de John H. Collins os EUA, usaram a força e a diplomacia no momento certo e tendo como objectivo a sua segurança.
Por isso, a Primeira Guerra Mundial, inaugurou o século XX. Esta guerra tem uma importância tão grande quanto a Segundo, embora, muitas vezes não tinha sido muito bem estudada e aprofundada. Entretanto, já se foram mais de oitenta anos desde que se pôs fim a este conflito, que tanto contribuiu decisivamente para a destruição de uma ordem mundial politica, económica, social e cultural que prevalecia desde 1789. As inovações tecnológicas, os tanques de guerra, os aviões, as armas químicas, a metralhadora e o submarino, fizeram com que a visão romântica e heróica da guerra acabasse de modo brutal. El BV "HAJA PAZ".
[3]ESTRATÉGIA “como arte e ciência de empregar o poder nacional em todos as circunstâncias, para exercer os tipos e os graus desejados de controle sobre o oponente (a diversão) através da força, ameaças, pressões individuais, diplomacias, e outros meios a fim de satisfazer os interesses e os objectivos de segurança” John H. Collins, “La Gran Estratégia”, Buenos Aires, Circulo Militar, 1975, p.34.