Um olhar sobre o Mundo

Por Angola e o Mundo enquanto há vida...

Tuesday, May 08, 2007

FRANÇA CONSERVADORA

Hoje a minha viajem é pela França. Uma abordagem das eleições presidenciais. Desde domingo passado, a França tem outro presidente. Trata-se do candidato da direita, Nicolas Sarkozy, que venceu a segunda volta as eleições presidenciais com 53% contra 47% para a candidata socialista Ségolène Royal, segundo números provisórios.

Este é mais um exemplo de democracia a seguir, no que diz respeito a alternância no poder. Espero que alguns países façam o mesmo. Sobretudo alguns governantes agarrados ao poder como uma carraça ao cães. Tal como era de esperar dos vencidos, inúmeros protestos violentos marcaram a madrugada posterior ao anúncio da vitória de Nicolas Sarkozy nestas eleições. Segundo fontes, o resultado foi 730 carros queimados, 592 pessoas detidas e 78 polícias feridos.

No entanto, a mesma fonte assegurou que a segunda volta das eleições não gerou grandes movimentos de violência urbana nos bairros denominados problemáticos e apenas alguns pequenos grupos atearam fogo a caixotes de lixo e automóveis.

Contudo, não foi desta que os franceses elegeram uma mulher para a presidência. Até porque a vitória de Sarkozy ja estava prevista pelas sondagens e conseguiu conquistar 52% do eleitorado feminino. Assim como os votos de 49% dos operários, tradicionais eleitores de esquerda. El BV "HAJA PAZ"

Thursday, May 03, 2007

AFINAL QUE TIPO DE RICOS TEMOS?

Ao pegar no número desgarrado do semanário angolano "CAPITAL", eis que me surge o artigo verdadeiramente interessante e acima de tudo extraordinariamente realista entitulado "OS NOSSOS RICOS SÃO UMA FRAUDE", de José Eduardo Agualusa. Passo a transcrever:
"Espero sinceramente que esta crónica pareça completamente ridícula daqui a meia dúzia de anos. Trata-se de uma crónica que tem por tema a inauguração – com a presença do Presidente da República! – de um centro comercial de média dimensão nos arredores da capital. Num país minimamente desenvolvido, com um saudável sistema de economia de mercado, a inauguração de um novo centro comercial representa, quando muito, uma notícia relevante para o bairro onde o mesmo se situa. O facto de um tal acontecimento nos entusiasmar tanto (a mim entusiasma) diz bem do lamentável atraso em que nos encontramos – é o espanto do camponês ao ver pela primeira vez uma televisão (ou, ao invés, do menino da cidade diante de uma galinha). Daqui a meia dúzia de anos espero, pois, que a notícia da inauguração de um centro comercial já não alvoroce ninguém. Olhando para trás haveremos todos de sorrir, com certa auto-ironia, ao lembrarmo-nos do tempo em que não havia em nenhuma cidade angolana um bom cinema, com filmes actuais, ou sequer uma boa livraria. Nessa altura o Presidente da República, quem quer que seja, há-de estar a inaugurar grandes bibliotecas públicas, bons hospitais, auto-estradas, escolas em bairros carentes, e então nós teremos orgulho nesse Presidente da República.Os nossos ricos – por falar em centros comerciais – são igualmente reveladores do terrível atraso em que três décadas de guerra, corrupção e incompetência deixaram o país. Não temos ainda ricos como os ricos dos países ricos. Os ricos dos países ricos são charmosos e elegantes. Praticam musculação em casa, uma hora por dia, com a ajuda de um personal trainer, e ainda lhes sobra tempo para o yoga, a escalada, a esgrima, ou a equitação. Os nossos ricos, esses, luzem de gordura. Acham que assistir ao futebol, sentados num sofá, é a forma mais confortável de fazer desporto. Os ricos dos países ricos morrem de velhice perto dos cem anos. Os nossos sofrem crises de malária e morrem vítimas de doenças ligadas a maus hábitos alimentares, como os pobres dos países ricos, antes dos setenta. Os verdadeiros ricos têm no escritório uma tela de Miró ou de Picasso. Os nossos têm uma fotografia do Presidente da República a inaugurar centros comerciais. Os verdadeiros ricos coleccionam a grande arte do nosso tempo – Paula Rego, David Hockney, Portinari, Basquiat, etc.. Os nossos ricos coleccionam "arte africana", o que quer que isso seja, comprada muitas vezes nos mercados populares. Os verdadeiros ricos assistem em Londres ou em Nova Iorque a concertos dirigidos por grandes maestros. Os nossos assistem em Luanda a desfiles de misses. Os ricos legítimos almoçam num dia com Mário Vargas Llosa, em Paris, e no outro com Barack Obama, em Washington. Os nossos almoçam com o Pierre Falcone em algum recanto escondido. Os verdadeiros ricos lêem o Times Literary Suplement e a New Yorker. Os nossos lêem a "Caras", na versão nacional, e sorriem felizes de cada vez que encontram o próprio rosto (encontram sempre, é inevitável) iluminado por uma aura de gordura.Resumindo: os nossos ricos são uma fraude. São tão duvidosos, enquanto ricos, tão refutáveis e mal-amanhados, quanto eram enquanto comunistas. Precisamos, urgentemente, de novos novos ricos. Ou então resignamo-nos a que estes envelheçam. Porém, como disse antes, receio que a maior parte morra antes de envelhecer decentemente".
Contudo, é uma análise suscinta, concreta, verdadeira e cheia de inteligência. Eu, como filho do Lobito, de Angola, de África e do mundo, estou estuperfacto com a vida opulenta dos nossos ricos. Só falta dizer que os nossos ricos compram os grandes jipes para puderem passar pelos buracos da estrada. El BV "HAJA PAZ".

GUERRA NO IRAQUE, SEM RAZÕES!?!

Quero partilhar convosco o fabuloso comentário de alguém que visitou o meu blog e sentiu-se comovido no artigo (THE IRAQ WAR WAS A WAR OF CHOICE, NOT NECESSITY). Na sua opinião a invasão do Iraque pelos os EUA, é uma invasão sem necessidade e sem escolha. Os EUA não tiveram e continuam a não ter motivos para tal. Porquê? A assídua visitante e a inesquecível amiga Dra Alex, responde:
"Falamos das razoes para os EUA atacarem o Iraque...que razoes...a democracia...bombas...sera que se lembram de que exitem estudos que demonstram que nao exitem bombas em solo Iraquiano...democracia, que democracia se nem os proprios EUA vivem numa democracia perfeita??? E eu pergunto independentemente das razoes apresentadas ao mundo o que é que ligitima a guerra? O que é que justifica matar, tirar a vida, deixar crianças orfãs, pessoas desempregadas, o que é que justifica a destruição de um país, a democracia que não existe? A democradia que nao foi implementada ainda hoje?
Hoje fala-se de conspiração quando se refere ao 11 de Setembro...e existem argumentos bastante convincentes...necessidade ou escolha...Necessidade de mostrar o seu poder económico e militar, de acabar com o terrorismo, de mostrar que têm poder para que as ameaças acabassem, para destruir as redes de terrorismo e eu pergunto e conseguiram...a resposta é nao...entao não havia necessidade!Depois existe ainda a afirmação de que a guerra aconteceu por causa dos poços de petróleo e eu digo...o petroleo daqui a nada acaba e de que é que vai servir terem os poços de petroleo...em vez de se preocuparem em criar recursos sustentáveis para melhorar as condiçoes ambientais...nao, andam atrás de poços de petroleo que de uma maneira ou de outra não sao o mais viável nem para o ambiente, nem para a economia a longo prazo.Acho portanto que esta guerra serve para duas coisas, 1ª matar pessoas e destruir países, 2ª deixar de acreditar até nos países com maior poder do mundo! Porque afinal a democracia desejada nao existe e as pessoas hj vivem pior no Iraque que quando Hussein governava. A nível económico, político e mesmo a nível da segurança e estabilidade.
Cada vez acredito mais que a política tem de mudar no sentido de deixar de esquecer as pessoas que estão por trás de sua própria invenção.Por fim acredito que os EUA deviam preocupar-se mais com a estabilidade do seu próprio país que é cada vez mais injusto e desigual do que com a justiça internacional que é vista pelos EUA pelos seus olhos e não pelos olhos da verdadeira necessidade desses países." Obrigado amiga pelo teu comentário...Não tenho receio em te dizer que tens muito pela frente ou seja um futuro brilhante. A recordação é algo indispensável no mundo dos vivos. Saiba que a África te espera para a missão do seu sonho. Compreensão, compreensão, compreensão. Porque não me compreendem? Não é nada disto...eu tento, mas não sei se...
EL BV "HAJA PAZ"

Wednesday, May 02, 2007

ELEIÇÕES FRAUDULENTAS NA NIGÉRIA

Na sequência do artigo que publiquei semanas atrás, sobre os incidentes nas primeiras horas das eleições nigerianas, era de esperar que o candidato do partido de Obasanjo ganhasse as eleições. Trata-se de Umaru Yar' Adua, 55 anos de idade, mulçumano de perfil discreto que governou o Estado de Katsina.
Até aos nossos dias, as eleições em África não são transparentes. A Nigéria é mais uma prova disto. Segundo fontes, os observadores internacionais e locais rejeitaram os resultados das eleições presidenciais e parlamentares na Nigéria que sairam na semana passada.
Os mesmos dizem que se tratou da pior eleição da história do país, com confrontos que tiraram a vida a 52 pessoas.
Perante esta situação, tenho a salientar que as eleições nos países africanos sempre tiveram resultados polémicos. É uma vergonha, em pleno século XXI assistir a este fenómeno. Se isto continuar assim, teremos de admitir todos os adjectivos desqualificativos vindos da Comunidade Internacional e não só, que tanto têm feito para uma mudança de regime dos governos africanos. Esta mudança depende 99,9% da população africana, se esta população quiser transitar de um regime não-democrático à um regime democrático. Enquanto não houver vontade política dos governantes, já que tudo passa por eles, a Comunidade Internacional terá pouco campo de acção.
Antes que me esqueça, tenho um recado a dar as oposições existente em África. Se muitos dos nossos governantes não prestam, é porque também os nossos opositores são uma fraude. São duvidosos. Eles só se pronunciam quando há eleições. Depois disto ficam calados. Porque existem??? Se mesmo existindo não fazem nenhum!!?!! A vossa existência caros opositores só é antes e depois das eleições, e durante a governação calam-se ou são corronpidos. Pensem nisto meus...El BV "HAJA PAZ".

A PRESENÇA CHINESA EM ÁFRICA

A minha análise deste artigo consiste na evolução das relações comerciais entre a China e África, tendo em conta os números da última década, para ser bem visível o enorme crescimento das mesmas.

O Boletim da Fundação Portugal África - Observatório de África nº4, Fevereiro, sublinha que desde 2000, as relações comerciais entre os dois blocos aumentaram 268%. A maioria dos acordos assinados incide sobre a vertente energética, com 25% da produção angolana de petróleo a destinar-se à China, assim como 30% da produção da Nigéria, Gabão e Guiné Equatorial. E o mais recente fórum realizado foi o de 5 de Novembro de 2006, III Fórum de Cooperação China-África. Este fórum teve como interesse demonstrar ao Ocidente que a China e os países africanos podem sobreviver e desenvolver-se, independentemente dos condicionalismos impostos por norte-americanos e europeus. Ainda na mesma vertente, a China assinou contratos comerciais com vários países africanos avaliados em 1.9 mil milhões de USD, nomeadamente com o Egipto (produção de alumínio); África do Sul (na produção mineira); Nigéria (construção de infra-estruturas); Sudão (têxteis); Gana (renovação do sistema telecomunicações); Zâmbia (na exploração de cobre); e Cabo Verde (na construção de uma fábrica de cimento). Em troca de tudo isto, foi adoptado um Plano de Acção para os próximos 3 anos, 2007-2009, nas áreas de cooperação política - na criação de mecanismos de consulta regulares a nível ministerial entre as partes. Para além das relações entre países, pretende-se estimular as relações entre a China e União Africana e entre o Fórum de Cooperação NEPAD; na cooperação económica e comercial, a China pretende promover investimentos de companhias chinesas em África no valor de 5 mil milhões de dólares, reforçar o apoio na área agrícola, na construção de infra-estruturas, nomeadamente transportes, telecomunicações, fornecimento de água e energia, apoio à exploração de recursos energéticos africanos; na área da cooperação internacional, harmonização das oposições as partes sobre as grandes questões internacionais, nomeadamente, a prossecução dos ODM, reforma da ONU e combate ao terrorismo; na área do desenvolvimento social, a China pretende reduzir a dívida externa dos países africanos à China, empréstimos de dinheiro, consturções de escolas, hospitais, o alargamento do turismo, etc...

Perante toda esta oferta, recordo-me do velho ditado (quando a esmola é grande até o pobre desconfia). É verdade, muito verdade e uma verdade a ter em conta e atenção. É verdade que a China tem mão-de-obra barata, produtos baratos e enfim..., e os governantes africanos como querem gastar menos e o resto vai para os seus bolsos, eles aproveitam-se dessa tamanha oferta. Não me assusto ao saber que a China não tardará em ser uma grande potência mundial, pelo que tem feito até agora.

No meu ponto de vista, dentre as muitas coisa boas que a China pretende em África, a sua política não passa dum neocolonialismo. Trata-se de uma colonização em pleno século XXI no sentido mais próprio do termo colonização e não uma parceria a ter em conta a 100%. Custa-me acreditar que a China só está assinar protocolos com África no âmbito do domínio de matérias primas. Isto é um neocolonialismo humano que passa sobretudo pela transferência de pessoas chinesas, tentando diminuir o excesso da sua população. A cada dia que passa muitos chineses são plantados em África, levando alguns consigo as famílias e fixando-se lá. Uns vão e não voltam para a China e outros são substituídos. Por exemplo em Angola, perderam-se os dados numéricos dos chineses. Segundo fonte da Courier Interantional, Abril de 2006, dados de 2005, em termos demográficos e económicos, a China apresenta o seguinte: Área (quilómetros quadrados) - 9.591.000; População- 1.307.400.000**; População Urbana- 41,8%; Taxa de Desemprego- 4,2%; Rendimento Per Capita(USD)- 6.208**; PIB(Milhões USD)- 1.911.700**. Crescimento PIB- 9,3%**; Inflação- 1,9%**; Importações(Milhões USD)- 532.700*; Exportações(Milhões USD)- 572.800*; Investimento Estrangeiro(Milhões USD)- 60.300**. Neste entretanto, a China e a Índia juntas prefazem um terço da humanidade. A China está tão saturada que precisa de assinar muitos protocolos no domínio de matérias primas, assim como tem que mandar recursos humanos para muitos países africanos.

Como africano, estou muitíssimo preocupado com esta situação. Espero que África se aperceba disto o mais rápido possível na pessoa dos seus governantes. Talvez eu esteja enganado nesta minha análise (...). Daqui a meia dúzia de anos, pois, veremos o que poderá acontecer com esta política chinesa em África.

2007, é o ano que se fala da realização da Cimeira Europa África. Não sei se será satisfatória. A União Europeia não está de acordo com a presença do presidente Mugabe (Zimbabwe), e a União Africana quer fazer presente este Hitler africano...veremo o que poderá sair desta desavença.

Depois de tudo que abordei neste artigo, vê-se pouca actuação dos EUA e da UE nos próximos anos, com a presença da China em África. Termino deixando um recado para a União Europeia... a UE tem de apostar na abertura da política comercial. Acabar com a vergonha da política agrícola da Europa, abrindo caminho para África, exemplo: troca de produtos, como a cana de açucar (com a Guiné Bissau), o café, e tantos outros produtos. Se assim for, isto permite o desenvolvimento natural da economia africana. Os dois continentes ficam a ganhar, e UE pode diminuir as acções da China. El BV "HAJA PAZ".